segunda-feira, 30 de março de 2009

VIAGENS


Quando não ter vejo

meu navio parte

para a terra chamada tristeza...

Mas lá nunca ancoro...

fico ali no cais

contemplando à distância

os mistérios

que o vento do norte me trazem...

Não há dor

apenas silêncio...

Então retorno

para minha espera

nos campos inexplorados

da realidade diária...

Tenho em mãos

apenas sonhos

e um doce desejo de lhe mostrar

as pérolas que trago na bagagem...

colecionadas em navegações que faço

nos mares de minha vida...

terça-feira, 24 de março de 2009


Sinto falta


do que você provoca em mim


arrepio na pele...


aquele silêncio ecoando


como o som que escutamos


quando colocamos rente ao ouvido


uma concha do mar...


Chego a pensar


em coisas impensáveis...


Sinto a dor


transformar-se em um sorriso


e a isso chamo felicidade...


Enquanto espero seus passos


sinto a tempestade


dos meus olhos


encontrando os seus...


E são tantas as coisas


que gostaria de dizer...


Mas vêm o abismo das incertezas


e como estrela cadente


perco o momento de vista


Já não posso mais...


Pena,


recolho então minhas asas


e mais uma vez


fecho meus olhos...


Esperando o nascer de um novo dia


para mais uma vez


poder tentar voar...






quarta-feira, 18 de março de 2009

quarta-feira, 4 de março de 2009

Mergulho nesta lama
E corro todos os riscos
Você me avisou meu bem...
Mas eu gostaria que agora as coisas
Fossem do jeito que eu quero
Só hoje...
Eu vou sair por ai sorrindo
Daquelas coisas que não recuperarei jamais
Perdidas naquele planeta desconhecido...
E a semente da minha esperança
Caiu entre as pedras
E certamente não germinará
Não vou chorar agora
Vou me poupar para estiagem
Que vem a cavalo
Anunciando que não há redenção

segunda-feira, 2 de março de 2009


"Chiclete", não, obrigada!
Bere Adams


Para mudar
É preciso começar
Por excluir
Hábitos mecânicos
Desnecessários
Como mascar um "chiclete"
Que pode acabar
No bico gracioso
Fazendo calar
Um pequeno pardal
Que voa para a goma
Largada no chão
Completamente iludido
Que aquilo seja uma flor
Uma fruta, ou seja lá o que for
Vejam só, vejam bem
Enganado pelo aroma
Que se fingia natural
Um doce de sabor
Para ele fatal
Que não só acaba com o canto
Mas também com o encanto
Da vida alada do pássaro
Que é atraído e traído
Pela inútil invenção
Que faz com adultos e crianças
Um coral de ruminantes
Mastigando, mastigando
E mastigando até que
Numa tosca cuspida
O "chiclete" já sem gosto
Sem cor
Mas com cheiro ainda
Confundível com fruta
Ou com flor
seja lá o que for
Chama com seu cheiro
O pequeno passarinho
(E agora me pergunto
Entre estes parênteses
Quantos dos meus "chicletes"
Não foram parar em ninhos?
Mesmo depois de "corretamente"
Tê-los jogado no lixo
Onde foram parar?)
Outro dia pude ver
Mas sem entender
Um pequeno pardal
A pular desengonçado
Pois na sua cauda
Havia algo grudado
Parecia carrapato
Se é que poderia ser mas
Agora sei que bem poderia
Ter sido aquilo um chiclete
Pelo menos não ficou
Grudado no seu bico
E aquele pequeno pássaro
Salvou-se sem mesmo saber
Do perigo de morrer que corria
Por causa de uma goma de mascar
Morta e sem sabor
Disfarçada de fruta ou de flor.